– Caros senhores e senhoras fiéis a Deus, dedico este sermão à belíssima recém-lançada Campanha da Fraternidade 2008, com o tema “Fraternidade e Defesa da Vida”. Reitero, aqui, em vossa presença, a importância da união católica para impedir o desrespeito à vida, proposto, indecentemente, por alguns segmentos da sociedade que defendem a descriminalização do aborto.
– Ô, padre, me explique uma coisa: você pari?
– Como assim?!
– É isso mesmo que perguntei. Você, por acaso, aloja um ser em sua barriga por nove meses, deforma seu corpo, entra em trabalho de parto, dá à luz?
– Mas é claro que não! Sou um servo do senhor na Terra, comprometido unicamente com Deus, e, por isso, nem casar posso, quanto mais ter um filho gerado por mim, um homem.
– E quem manda na Igreja são homens, certo?
– Certo.
– Então, afinal, por quê vocês se intrometem num assunto que deveria ser discutido pelas mulheres?
...
– Isso é um absurdo! O senhor está indo contra a palavra de Deus! Ele, todo poderoso, criador do céu e da terra, é o único que pode decidir pela vida e pela morte. Por isso, apoio veementemente a campanha “Fraternidade e Defesa da Vida”!
– Realmente, defesa da vida é importante. Poxa, essa discussão me fez suar. Do jeito que a gente fica quando tá perto de fogueiras, sabe? Aquelas de inquisição, por exemplo, entende? É, defesa da vida.
4 comentários:
Cara, um dos melhores que li aqui. Gostei muito porque tem uma crítica feroz a essa campanha ridícula. Concordo plenamente.
E liberdade ao ventre das mulheres, por favor!
Beijos, escritor! :)
Muito mais discurso do autor do que sensação estética, desfecho inserido de forma brusca e confusa, diálogos capengas.
Por exemplo: "Mas é claro que não! Sou um servo do senhor na Terra, comprometido unicamente com Deus, e, por isso, nem casar posso, quanto mais ter um filho gerado por mim, um homem." - perceba que soa anti-natural, didático, como se ele tivesse uma câmera em frente à fuça.
Critique, mas ponha em primeiro lugar a literatura. Um texto literário, antes de tudo, deve convencer como arte. Você sabe disso, claro, tanto que já fez em "Deus Voyeur" e fez muito bem.
Tipo, é claro que os portugueses têm seus méritos por boa parte do nosso patrimônio histórico. O que critico, através de uma nota irônica, é o espírito de dominação de ainda prevalece. Veja bem, não estou dizendo que a portuguesa ainda pensa que é "dona" das "terras tropicais", aquilo foi uma metáfora do pensamento hegemônico que impede países como o nosso de crescer e se emancipar, entende?
Beijos!
Às vezes é preciso ser um pouco didático para certas formas de inteligência captarem a mensagem.
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