domingo, 30 de dezembro de 2007

Dores

O despertador tocava. Minha dor de cabeça aumentava. Como sempre, ao acordar, sentia-me mais exausto do que ao dormir. Porém, desta vez, não lembrava o que havia feito na noite anterior; ao pensar, a cabeça novamente pesava. Enxaqueca ou culpa? Muito trabalho, pouca diversão, deve ser isso. Talvez mais alguns minutos de sono resolvam.

Uma hora depois acordo. Dessa vez, mais assustado do que exausto. Levantei-me rapidamente. Em toda minha vida nunca havia chegado atrasado ao trabalho; atrasei-me, pela primeira vez, por culpa de minha mulher. Mas por que diabos ela não veio me acordar? Parei de resmungar e fui logo colocar uma roupa. Novamente senti a cabeça pesando. Meu café da manhã será acetil salicílico; afinal, nada melhor do que começar o dia lembrando das aulas de química do ensino médio.

Nenhum remédio, no entanto, reverteria a situação a qual vivenciaria daqui a alguns segundos. Ao entrar no corredor de minha casa, paralisei-me, ficando completamente chocado. Minha mulher, deitada no chão, nua, pálida, ensangüentada. Morta.

Primeiro, vem o impacto; depois, a tristeza; e por fim, a vingança. O impacto já descrevi; a tristeza já é conhecida de todos; pularei para a vingança. Esta, fez-me esquecer o emprego, dispensar a polícia e agir sozinho. Quem quer que fosse o responsável, jurei matá-lo.

A partir daquele dia minha vida transformou-se em ódio. Fazia buscas e investigações, analisava friamente todas as pistas. Quanto menos dormia, mais dor de cabeça sentia. Um dia encaixaria os fatos e encontraria o culpado.

Este dia foi numa sexta-feira à noite. Estava dirigindo tranqüilo, em ruas bem vazias. Passava por uma ponte, quando, de súbito, senti a cabeça pesando; depois, dores bem fortes. Parei o carro de qualquer maneira e saí. Foi quando imagens vieram à mente. Cenas daquela noite, no corredor. Uma briga. Uma faca. Sangue.

Encaixei os fatos. Joguei-me da ponte.

7 comentários:

Ayana disse...

Bom começo!
Um dos seus melhores contos leo ;)
Continue assim!
Fui, sou e sempre serei sua leitora número 1 ;)

Amoo!

;*

Reny disse...

Quer dizer que você também tem blog agora? Que bom!

Engraçado que nunca mais escrevi um conto. Estava mais nas poesias.

Gostei muito deste seu. Mas que Machado de Assis que é você! Hehehe...

Depois dá uma olhada lá no meu!

Beijo!

Saulo Dourado disse...

Que este pastor nos guie. ;)

Anônimo disse...

Muito esperto vc hein Sr. Pastor.
Ficava na sala quieto...Ninguém, pelo menos eu, ia imaginar que teria esse dom (ah...dissertações não vale, vc era obrigado a fazer).
Esse conto realmente está muito bom,gostei de verdade. Continue escrevendo bastante que a gente vai lançar aquele livro (To falando sério).

Um grande abraço

Anônimo disse...

Cara, parabéns pelo conto. Gostei muito. E, além disso, feliz ano novo.

Ayana disse...

Leo!
Cade? Quero mais contos!

=*

Anônimo disse...

Poxa léoo....
Nem imagina q vc tinha esse talentoo!!!
Muito bons seus contos viuu??
Ganhou uma fã!

bjssss